Não Há Nada Lá, Joca Rainers Terron
O que o tesseracto tem a ver com escritores, poetas, magos, pistoleiros, guitarristas e freiras só o escritor Terron sabe. Mas é em torno da relação entre a figura geométrica que ele cria os encontros improváveis de Não Há Nada Lá. A narrativa fantástica coloca lado a lado figuras que só podem ser consideradas boas da cabeça com boa vontade.
Não Há Nada Lá é para leitores de verdade, que sentem carinho não só por certos autores ou obras, mas pela própria idéia de livro. Apesar dos muitos mistérios que movem a trama do livro - Por que figuras tão díspares aparecem lado a lado? Que imagens estão nos selos que lacram o livro visto por todos os personagens? Qual o Terceiro Segredo de Fátima? - a literatura é o seu tema.
Pós-moderno no melhor sentido do termo, Terron vai costurando sua história de trechos soltos que se amarram em uma das narrativas mais importantes do Ocidente. Uma declaração de amor ao poder das palavras.
Free Culture, Lawrence Lessig
O livro mais emocionante que li no ano passado fala de direitos autorais. Indo das origens aos dias atuais, Lessig mostra como batalhas judiciais e tecnologia se enfrentam, se misturam e determinam o futuro da nossa cultura. O projeto de tradução está atrasadíssimo, mas o livro está disponível em diversos formatos na rede e é leitura obrigatória para produtores de bens culturais e advogados.
Down and Out in the Magic Kingdom, Cory Doctorow
Num futuro onde não há dinheiro nem morte, a vida pode ser difícil. Afinal, é necessário manter sua reputação alta para ter direito às coisas boas. E a Disney é um campo de batalha para os personagens do livro. Doctorow criou uma utopia plausível, muito bem extrapolada do mundo contemporâneo, na qual os maiores problemas da humanidade foram resolvidos, mas as pessoas ainda têm muito pelo que brigar.
Zeitgeist, Bruce Sterling
O G-7 é girl band suprema. Formada por integrantes dos países do G-7, o grupo gera milhões e milhões de dólares de lucro, mas vai terminar em 31.12.99 - "quando todas as regras mudam". Traficantes de drogas, pop stars e empresários se tornam figuras lendárias em uma investigação surreal dos últimos dias do século passado.
Demo, Brian Wood e Becky Cloonan
Doze histórias independentes - "mini graphic novels" - lidando com pessoas com superpoderes. Não, super-heróis, mas gente jovem em momentos definitivos da vida, a hora de finalmente decidir e descobrir quem são. A arte muda sutilmente para se adequar a cada uma das histórias curtas amarradas tematicamente - coisa roubada da Global Frequency de Warren Ellis - são muito tocantes e os poderes são quase acessórios, se tornando cada vez menos visíveis conforme a série progradia e os amantes de super-heróis deixavam de lado os preconceitos.
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